Sem segundo turno em Salvador, os olhos da política se voltam para os dois colégios eleitorais do interior da Bahia que terão uma disputa em duas etapas nas eleições de 2020: Feira de Santana e Vitória da Conquista. Em ambas há uma disputa entre PT e MDB em contextos que guardam semelhanças e também diferenças abissais. E também um quê de briga pela hegemonia nos maiores centros urbanos do estado.
Em Feira, o atual prefeito Colbert Martins Jr. (MDB) enfrenta o deputado federal Zé Neto (PT). Ambos tentaram quatro vezes chegar à prefeitura, porém não lograram êxito – Colbert herdou o cargo após a renúncia de Zé Ronaldo (DEM) em 2018. De um lado está um grupo político que domina a cidade há algumas gestões. Do outro, um parlamentar que, mesmo com a onda vermelha do passado, nunca chegou tão perto de ser prefeito. Por incrível que pareça, Zé Neto é uma novidade, enquanto Colbert representa o modelo já testado pelos feirenses.
Já Vitória da Conquista terá um segundo turno plebiscitário. Depois de 20 anos sob o comando do PT, os conquistenses optaram, em 2016, em dar espaço a um quase outsider político, o então deputado estadual Herzem Gusmão (MDB). Zé Raimundo fora prefeito nesse período de hegemonia petista e agora a população local terá que escolher entre dois passados, um mais antigo e o outro recente. O resultado das urnas pode selar, inclusive, o futuro político de um dos dois candidatos em disputas pelo Executivo local.
Mas os dois embates também terão peso importante para as definições do comportamento dos dois principais atores políticos da Bahia, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Rui subirá no palanque dos correligionários, enquanto ACM Neto estará com os aliados – o DEM faz parte das coligações de Colbert e Herzem. A eventual vitória do PT fortalecerá o governador. A possível derrota de ACM Neto, todavia, não cairá exatamente no colo do democrata, justamente pelo partido não encabeçar a chapa.
Os confrontos em Feira e Conquista não serão, necessariamente, batalha de vida ou morte para PT e DEM. Porém irão apontar a potencial ascendência de ACM Neto sobre o eleitorado do interior baiano, ainda que ela não seja personificada na figura do atual prefeito de Salvador. Por isso, o mundo político acompanha ainda mais de perto o segundo turno na Bahia. Se fora daqui, em cidades como São Paulo, Porto Alegre e Recife, há uma nacionalização das pautas, o interesse aqui é muito mais no próprio quintal. E ciscar no alheio pode trazer vantagens em 2022.
Por: Wender Lima.
Da redação do blog Tribuna de Palmira.