O PT da Bahia “formalizou” o nome do ex-governador Jaques Wagner como a indicação do partido para voltar ao Palácio de Ondina em 2022. Não chega a ser uma novidade, dado os movimentos recentes de figuras influentes no partido, a exemplo do governador Rui Costa, que já havia endossado o antecessor como um candidato em potencial. O Galego, como é conhecido, é competitivo na avaliação não apenas dos correligionários, mas também de aliados. Porém é uma comprovação de que o PT não é célere na formação de novas lideranças políticas, já que prefere apostar no que já foi testado.

Não é possível prever se a estratégia será vitoriosa ou não. Somente as urnas podem responder a essa pergunta. Para quem acompanha a cena política, no entanto, é perceptível a estratégia repetida nacionalmente pelo PT. Ao invés de investir em novos líderes, o partido insiste na tese de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será eterno e sempre a salvação da lavoura, ao ponto de não permitir que outros nomes apareçam. Enquanto isso, novos personagens ficam atuando restritos aos bastidores.

O próprio Lula já percebeu que essa análise pode não ser a ideal e sugeriu que Fernando Haddad iniciasse uma caminhada tendo em vista o próximo pleito. Era algo que poderia ter sido feito em 2018, mas ficou em segundo plano para dar espaço à narrativa “Lula livre”. O resultado é conhecido. Como o antipetismo na Bahia tem menos força do que no restante do país, é possível que o efeito Wagner não siga a mesma lógica aplicada a Lula. Todavia não deixa de ser uma aposta cuja previsibilidade não é uma fórmula matemática, precisa.

O PT foi pródigo na formação de líderes nas décadas de 1980 e 1990. Agora segue utilizando figurinhas repetidas, na expectativa de manter-se como o grande expoente da esquerda brasileira, enquanto outras siglas dão espaços a nomes como Guilherme Boulos, Manuela D’Ávila e até mesmo João Campos (ok, o pernambucano é de centro-direita, mas a gente finge que não). Assim, é permitido que os adversários utilizem o argumento da falta de renovação política, o que é, necessariamente, verdade.

Como já temos dois blocos na rua na Bahia, um com Wagner e um com ACM Neto, essa narrativa da “novidade” tende a ser explorada, ainda que o ex-prefeito de Salvador represente um clã histórico na cena local. Essa é apenas uma nuance das possíveis a serem abordadas. O que se sabe é que esse embate promete agitar bastante a corrida eleitoral baiana. Dois velhos conhecidos tentando se passar por novidade. Vai ser uma briga boa de ver.

Por: Wender Lima.

Da redação do blog Tribuna de Palmira.

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