Após o fracasso da estratégia da oposição ao prefeito ACM Neto em Salvador durante as eleições, sobram dedos para indicar um eventual culpado. O governador Rui Costa, que deveria ter sido o responsável por essa articulação, é considerado uma espécie de “culpado-mor” pelo “erro” que facilitou a vida de Bruno Reis em Salvador. Porém é muito cômodo sugerir que apenas ele tem responsabilidade pela tragédia anunciada.

Rui errou ao adiar, interminavelmente, a discussão sobre como o grupo liderado por ele se comportaria no pleito. Era esperado que o governador capitaneasse esse processo, já que ele deveria ser o expoente político desse segmento. No entanto, o comportamento de distanciamento da política miúda, desde o início do primeiro mandato, não deveria ter gerado essa expectativa. Tanto que, ao longo dos últimos seis anos, Rui é mais reconhecido pelo desempenho administrativo do que no trato com aliados. Ainda assim, houve quem apostasse tudo nessa capacidade de liderança dele.

Desde janeiro, todavia, já era possível identificar o que Rui tinha em mente para a disputa soteropolitana. Ao lançar o nome de Major Denice, como espécie de teste, era previsível que o governador iria bancar o nome dela na disputa – e que não abriria mão disso. Alguns aliados preferiram resistir até o final, a exemplo de Olívia Santana (PCdoB) e Bacelar (Podemos), que levaram até as urnas os próprios nomes. Já outros optaram por seguir em um projeto paralelo, como foi o caso do PSD, que marchou com Pastor Sargento Isidório (Avante), e do PSB, que colocou o orgulho embaixo do braço e cedeu Fabíola Mansur para a vice de Denice.

Quando o jogo estava praticamente jogado, tanto para Rui quanto para os aliados, mudar a estratégia seria ainda mais feio do que perder por uma margem muito grande de votos. Isso explica a forma como a base do governo estadual disputou as urnas em Salvador: pulverizada, sem articulação e com o maior puxador de votos fazendo campanha única e exclusivamente para a afilhada política. Ninguém escondeu que seria assim – e quem disser o contrário estará mentindo.

Se a estratégia desse certo, todos estariam louvando a forma como Rui conduziu o processo. O contrário é essa disputa, nos bastidores ou em público, para quem aponta o dedo primeiro para dizer que o governador errou. É inegável que o petista não foi o melhor capitão desse navio. Mas culpá-lo sozinho pelo naufrágio é olhar por apenas uma ótica: daqueles que preferem vê-lo fragilizado.

Por: Wender Lima.

Da redação do blog Tribuna de Palmira.

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