A poeira baixou, mas a repercussão da migração do vice-governador, João Leão (PP), para o grupo político de ACM Neto ainda segue intensa. Dois pontos são cruciais nesse processo: o “envelhecimento” da chapa e o fato do Progressistas chegar na chapa já em um dos principais postos disponíveis, a vaga de senador na corrida eleitoral. O ex-prefeito de Salvador mediu os pró e os contras e entendeu que o risco valia a pena. A conta, todavia, só chega nas urnas.

Desde antes do lançamento da pré-candidatura, ACM Neto apostava no quesito juventude para se contrapor ao grupo político do PT na Bahia. Até então, o nome governista era Jaques Wagner e o argumento do frescor servia também para criticar a falta de renovação da base aliada de Rui Costa. Porém essa justificativa perdeu muita força depois que Jerônimo Rodrigues foi pinçado como candidato. Mais jovem – e não experimentado nas urnas -, o ainda secretário estadual de Educação “quebrou” a base até então construída pelo adversário de que a renovação como imagem era necessária. Isso, claro, se ACM Neto não se reposicionar e colocar a pecha de “velho” no PT, ao invés de apontar a figura que o representa.

Soma-se a essa mudança de rota governista a migração de um velho cacique local. Aos 76 anos, João Leão é tão simbólico sobre a política de antigamente quanto Otto Alencar (PSD). Ambos resistem na cena há mais de 30 anos e ficam difíceis de serem vendidos como algo novo. Não que tentem, inclusive. Leão e Otto têm um lugar demarcado na história da Bahia e são respeitados por isso. Porém é contraditório não admitir que o vice-governador envelhece muito a perspectiva pregada até aqui por ACM Neto, de que ele era o “novo” contra o “velho” – escondendo, nesse caso, a herança oligárquica dele do antigo carlismo. A estratégia então terá que ser readaptada, para não se tornar um tiro no próprio pé.

Outro ponto a ser explorado por Rui e Jerônimo é o fato que o Progressistas entrou no ônibus sentando na janela. Ao migrar de grupo, o PP ganhou a preferência por escolher a cadeira e obrigou ACM Neto a realocar todo e qualquer aliado que pensou em ocupar a cadeira de senador na chapa. A lista inclui desde parceiros históricos como PSDB e Republicamos, a alianças recém-formadas como o PDT e até mesmo Marcelo Nilo (sem partido), primeiro a romper com o governo e com forte tendência a ser escamoteado do grupo antes mesmo de se estabelecer. Isso sem contar o MDB, que já apresentava um pezinho no governo Rui Costa e pode usar essa falta de espaço como desculpa perfeita.

Para além de conter a euforia do entorno, que chegou a bradar o clima de já ganhou após a confusão na chapa governista, ACM Neto tem alguns desafios para manter a competitividade em alta para as urnas. A não nacionalização da disputa é uma delas. As outras fazem parte da tarefa de casa.

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