Bruno Reis usou o bom humor para desviar a atenção por não ter atendido ainda a pergunta de uma repórter que o chamou de prefeito. Para ele, a referência na coletiva era ao atual gestor, ACM Neto, que estava atrás dele na cena. O episódio exemplifica o maior desafio para criador e criatura a partir de agora: despir ACM Neto da roupa de prefeito ao tempo em que o próprio Bruno Reis será obrigado a vesti-la. A transição até 31 de dezembro será um momento importante de teste, como uma espécie de laboratório sobre o que esperar dessa relação.

Ser padrinho político do sucessor é uma tarefa inglória em algumas situações. São raros os casos em que o conflito nos meses iniciais não se perpetua por todo o mandato ou, pelo menos, até que o pupilo passe por apuros. Basta lembrar como houve tensão entre o falecido ACM e o ex-governador Paulo Souto, entre ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ou até mesmo entre Jaques Wagner e Rui Costa. É parte da alma humana resistir a perder privilégios e atenção – e  não há nada de errado nisso.

Rei morto, rei posto, ou a lenda do café frio. Vai acontecer com qualquer um. Esse talvez seja o maior desafio de ACM Neto a partir de 1º de janeiro: assimilar que o prefeito é Bruno Reis e não ele. No entanto, o atual gestor de Salvador admitiu ter planos para o futuro. Um deles, de ser candidato ao governo da Bahia, não será público por um bom tempo. O que não o impede de ir pavimentando a possibilidade até 2022, quando poderá colocar em prática um projeto adiado em 2018.

As “consultorias” no interior da Bahia, prometidas pelo atual prefeito de Salvador, são a justificativa ideal para circular sem tanto barulho de adversários que o acusariam de propaganda antecipada. Após duas administrações bem avaliadas na capital, ACM Neto precisará reforçar o próprio nome no interior para enfrentar o poderio do grupo que atualmente está aliado ao governo do PT baiano. Se não fizer isso, corre o risco de entrar numa disputa kamikaze, algo que não condiz com o posicionamento adotado desde 2012.

Talvez esse interesse do padrinho em ser governador facilite a vida de Bruno Reis para não ser uma sombra de ACM Neto. A troca do vestuário de vice para o de titular pode não ser tão traumática por causa disso. Aí então saberemos como será o modo Bruno Reis de gerir a cidade. Tomara que seja bom.

Por: Wender Lima.

Da redação do blog Tribuna de Palmira.

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