Se na base do governo há um embate iminente entre PSD, PP e PT para 2022, entre os partidos de oposição a ampla votação do DEM nas eleições deste ano não garante a prelazia em todas as negociações de daqui a dois anos. O maior partido desse grupo deve encabeçar uma chapa com o atual prefeito de Salvador, ACM Neto. Porém, para construir uma frente de alianças robusta, vai precisar abrir espaços para quem está à sua volta. Essa matemática será tão relevante para o pleito quanto a necessidade de entendimento na base do governador Rui Costa.

ACM Neto precisa usar uma soma para fazer uma multiplicação. Essa corrida, todavia, começa com uma cadeira a menos, que será ocupada pelo próprio presidente nacional do DEM. Sobram as vagas de vice e de senador, com a necessidade de agradar os atuais aliados ao mesmo tempo em que flerta para atrair legendas do lado oposto, como talvez o PSD ou o PP, que podem sair “machucados” na guerra silenciosa entre eles. É algo complexo, que vai exigir muita conversa e articulação, sob o risco do projeto naufragar ainda no porto. Aí reside a expectativa de como será o comportamento das lideranças desse grupo.

O MDB, por exemplo, pode ter sofrido uma retração contínua ao longo dos anos, mas ganhou fôlego ao sair vitorioso em municípios como Feira de Santana e Vitória da Conquista, os dois maiores colégios eleitorais do interior do estado. E, em ambas as cidades, com o apoio do DEM ainda no primeiro turno, mostrando que não é uma aliança circunstancial. Mesmo com o enfraquecimento da sigla em meio ao turbilhão envolvendo o clã Vieira Lima, o partido é enraizado nos rincões e peça importante da cena política.

Outros partidos menores, mas que gravitam bem em torno do DEM na Bahia, como PSDB e Republicanos, também tendem a buscar espaço. Em 2018, os tucanos indicaram a vice de José Ronaldo, a médica Mônica Bahia, e o candidato ao Senado, Jutahy Magalhães Jr. Já o Republicanos chegou a tensionar, apesar de no fim optar por garantir eleições no Legislativo, mas nada os impede de voos mais altos no próximo pleito.

Ainda é preciso encontrar espaços para partidos que pularam do barco de Rui no âmbito soteropolitano, algo representativo nesse processo. PL e PDT vão querer ser lembrados e isso pode dificultar que a conta feche para agregar todos os aliados em um mesmo projeto – tanto os recém-chegados quanto os mais antigos. É um malabarismo necessário para garantir competitividade do ponto de vista político. As habilidades de ACM Neto serão colocadas mais uma vez à prova.

Por: Wender Lima.

Da redação do blog Tribuna de Palmira.

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